quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

ACESSIBILIDADE EM ODONTOLOGIA


Para exercer uma odontologia de excelência e prestar um atendimento diferenciado, não basta ter domínio da parte técnico-científica, mas também oferecer ao paciente uma experiência agradável, acessível e minimamente confortável.

As necessidades de saúde bucal da população que apresenta restrição de mobilidade e que faz uso de cadeira de rodas, é dificultada pelos inúmeros problemas de acessibilidade, seja no setor público ou no setor privado. O consultório deve estar adaptado para que o paciente cadeirante consiga deslocar sua cadeira de rodas dentro do consultório. Porém, a cadeira odontológica ainda se mantém como uma barreira, pois é necessário tirar o paciente da cadeira de rodas e acomodá-lo na cadeira odontológica, e, ao término do trabalho, colocá-lo novamente na cadeira de rodas.

Segundo ALEXANDRE e ROGANTE, o atendimento odontológico de pacientes com redução de mobilidade, e que utilizam cadeira de rodas, é realizado na cadeira odontológica convencional. E a técnica de transferência é utilizada para posicionar o paciente na cadeira odontológica. Nesse processo de transferência ressalta-se o desconforto físico e psicológico, o risco de queda, a necessidade de uma pessoa (acompanhante ou enfermeira) para auxiliar o profissional na realização dessa tarefa, que pode, dependendo da deficiência do paciente e dos aspectos psicológicos envolvidos, causar-lhe maior ou menor grau de constrangimento e sentimento de incapacidade.

A utilização desta técnica apresenta os seguintes inconvenientes:
Segurança: dentista e paciente ficam temerosos em relação à acidentes que podem ocorrer nesse pequeno deslocamento;
Necessidade de auxílio: é necessário que mais pessoas, além do dentista, estejam presentes na sala para pegar o paciente no colo e realizar a troca da cadeira, o que faz com que o paciente se sinta como se tivesse pouca autonomia naquele ambiente, ideia que se mostra totalmente oposta à filosofia da tecnologia assistiva;
Aumento do tempo de trabalho: demora até conseguir posicionar o paciente na cadeira odontológica.
Ergonomia: dificuldade em conseguir uma posição ergonomicamente aceitável de trabalho, tanto para o dentista quanto para o paciente. Especialmente quando o paciente é obeso.

Assim, atualmente, nos consultórios odontológicos, o tratamento de pacientes com redução de mobilidade (com ou sem deficiência) e que utilizam cadeira de rodas, exige da equipe de saúde conhecimento técnico, força física e treinamento adequado para o manejo do paciente durante a etapa de transferência da cadeira de rodas para a cadeira odontológica.

DADOS ESTATÍSTICOS
Segundo dados do Ministério da Saúde, a OMS estima que, em tempos de paz, 10% da população de países desenvolvidos são constituídos de pessoas com algum tipo de deficiência. Para os países em vias de desenvolvimento estima-se este valor entre 12% a 15%. Destes, 20% seriam portadores de deficiência física. Considerando-se o total dos portadores de qualquer deficiência, apenas 2% deles recebem atendimento especializado, público ou privado.

No Brasil, conforme os dados colhidos no último censo (IBGE 2010), existem 45,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência, sendo que 13,3 milhões têm deficiência motora. No Estado de São Paulo este número chega a 2,5 milhões de pessoas com algum grau de deficiência. Estes dados, segundo algumas entidades representativas de pessoas com deficiência, encontram-se subestimados.

Dados da empresa Seguradora Líder, responsável pela administração do seguro obrigatório DPVAT, mostram que as estatísticas oficiais sobre acidentes de trânsito no Brasil possuem dados importantes. Segundo notícia publicada pelo DPVAT, diariamente 596 pessoas ficam inválidas, ou quase 25 vítimas por hora, entretanto a realidade é subestimada, pois nem todos reclamam o seguro e não aparecem nas estatísticas. Somente no período de janeiro a março de 2013 foram pagas 85.286 indenizações por invalidez permanente, representando um aumento de 33% em relação ao ano anterior que apresentou 64.220 indenizações por invalidez. Conforme os dados do Boletim Estatístico DPVAT - 2013, os números são expressivos, em primeiro lugar pela constatação de que o trânsito brasileiro é um dos principais causadores de morte e invalidez no país. Em segundo, por indicar que a cada seis meses 107 mil pessoas ficam inválidas, implicando num elevado custo social e financeiro.

Outro fator que devemos considerar é o aumento da população idosa que devido aos problemas inerentes à idade, especialmente as pessoas de idade avançada, acabam necessitando da cadeira de rodas para sua mobilidade.

Em consequência desta situação, o número de pessoas que utilizam cadeira de rodas tende a aumentar.

ERGONOMIA
Os procedimentos que envolvem a movimentação e o transporte de pacientes são considerados os mais penosos e perigosos para os trabalhadores de saúde, sendo que a aplicação de treinamentos e reciclagem é parte obrigatória de programas de prevenção de lesões músculo-esqueléticas em escolas e instituições de saúde. Os maiores riscos ergonômicos dizem respeito ao processo de transferência do paciente que exige grande esforço físico e sobrecarga da coluna vertebral do operador (dentista e auxiliar), sendo uma das causas de lesão e afastamento do trabalho. Esse afastamento pode variar de dias até anos, e o tempo de afastamento é dado pelo grau da lesão.

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